Jaguar: O Humor Que Nunca Desliga
O Brasil perdeu um de seus maiores cartunistas, mas, convenhamos, o Jaguar nunca foi de se levar muito a sério. Se dependesse dele, este texto já começaria com um gole de uísque e uma gargalhada debochada, porque, como ele mesmo disse quando exigiu uma geladeira cheia na redação: "Sem isso não fico inspirado."
Fundador do Pasquim, tricolor de coração e boêmio de profissão, Jaguar desenhou o país de forma que ninguém mais ousaria: com traços simples, mas com a ironia que cutucava tanto os poderosos quanto o povão. E sempre com frases que continuam atuais, mesmo agora, quando nos despedimos dele.
A televisão, por exemplo, nunca escapou do seu olhar ácido. Para Jaguar, "A melhor coisa que existe na tevê é o botão de desligar." E cá entre nós, quantas vezes a gente não concordou em silêncio com esse botão salvador?
Sua relação com a literatura também foi daquelas que só ele sabia sintetizar. Entre tantos livros, memórias e crônicas, o que ficou foi a frase que resume sua genialidade preguiçosa: "Minha maior contribuição à literatura brasileira é não escrever."
Até quando falava de saúde, Jaguar não perdoava. Depois de gastar os tubos com exames, resumiu o veredito em sua matemática boêmia: "Gastei uma fortuna e no final não tinha nada. Podia ter gasto esse dinheiro em aperitivos."
E se alguém ousasse perguntar o que fazer diante das dificuldades da vida, a resposta vinha com a classe que só ele tinha: "O negócio é não perder a classe."
Entre uma ironia e outra, Jaguar também registrou no traço e na fala a alma da boemia carioca. E deixou frases que, mesmo não sendo sempre publicadas em balões de quadrinhos, viraram filosofia de bar, como aquela que soltava sem cerimônia: "Intelectual não vai à praia. Intelectual bebe."
Aqui no Portal do Cabo (PdC), a gente prefere unir as duas coisas: praia e uma boa cerveja gelada. Mas se fosse para brindar Jaguar, não restam dúvidas de que ele levantaria o copo e soltaria aquele sorriso maroto que fez história.
Obrigado, Jaguar. Sua classe, seu traço e sua ironia continuam vivos
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